Eu não sei na sua cidade, mas
aqui em Recife tá cheio de machista disfarçado de cult. E eu posso te dizer, você
demora pra identificá-lo. Vá por mim.
O cabra é descolado, desenrolado,
inteligente, culto, entende de cinema, arte, direitos humanos, feminismo,
política, economia, psicologia, sociologia etc. No começo ele te envolve, você fica
encantada pelo papo do rapaz, pela barba milimetricamente mal feita, pelo tênis
furado, pelo jeito easy going dele de ser... E, claro, ele fica maravilhado também.
Mulher livre é o que há.
Depois de um tempo, vocês começam
a namorar. Mas sem muita pressão, por favor. Ele não gosta de mulheres
controladoras.
Durante alguns meses, ele te
mostra tudo que a vida tem de mais bacana: pessoas, museus, bares, filmes,
musicas. É tudo novo. Um verdadeiro show de liberdade. E você se pergunta: onde
estava esse cara?
Ele não te cobra nada. Não
reclama da sua roupa, do seu palavrão, da sua catota ou do seu peido, das suas
amigas, do seu cigarro, muito menos diz que você bebe demais. Adora o seu short
curto, no matter what.
Eis que, como num passe de
mágica, tudo muda. De repente, o seu feminismo é muito chato, você só fala
disso, seu jeito de ser assusta os amigos dele, você não pode falar mais
palavrão, seu peido ficou muito fedorento, ele tem nojo da sua catota, seu biquíni
ficou minúsculo. Ele se torna ligeiramente agressivo, mas disfarça com todas as
forças, pois entende muito de teoria feminista.
Os serviços domésticos, até então
partilhados, viraram um saco. Ele vira o maior joão sem braço, e se você fizer
qualquer tipo de cobrança, você não passa de uma chata, histérica, escrota.
Se vocês viverem uma relação monogâmica,
ai é que danou-se tudo mesmo. A partir de agora, ele esta autorizado a paquerar
e soltar o seu charme por ai, você não. Ele pode beber até às 4h com os amigos,
você não. Ele pode falar da bundinha da menininha de 18 anos que acabou de
passar na sua frente, mas você não pode falar do pauzinho do colega ao lado.
E ai, sabe o que acontece? Você
coloca tudo na balança. Você se acha uma mulher segura, que não precisa de um
homem pra ser feliz. Afinal, você tem a sua casa, o seu dinheiro, a sua carreira.
Ninguém precisa de um “macho” pra ser feliz.
Mas...Todo mundo tem defeitos.
Sim, todo mundo. Então, você se casa com ele. E ai, minha amiga, me desculpa a prepotência,
mas eu sei bem como essa história termina. Vocês terão filhos. Ele vai parar de
lhe “ajudar” com os serviços domésticos, não vai trocar uma fralda porque homem
não sabe fazer essas coisas, vai trepar contigo quando não tiver mais nada pra
fazer da vida e, infelizmente, vai dizer que você embarangou. É triste, mas acontece.
Cuidado, meninas. Eles existem.
Mas eu tô só lembrando.
Mãe de cachorros com nomes de gente no lugar de crianças de verdade. Diria que é no mínimo caricatural... como descobrir um cara descolado que realmente te ajudará nos afazeres domésticos e que rirá de seus peidos fedorentos? Quem não arrisca, não petisca, querida...
ResponderExcluirHhahahahahha! Se preocupa, nao, meu querido. Eu tô gravida, então lá pra outubro eu deixo de ser caricatural e coloco o nome do meu (minha) filho (a) aqui. E se eu não tivesse petiscado eu não estaria casada com um feminista. ;) Bjs
ExcluirOlha aí um descoladinho machista dando olá.
ExcluirO que tem de feminista 'machista' por aí também... opressão machista pesa pros dois lados. O discurso de vitimização se elimina a partir do momento que somos todos esclarecidos e grandes o suficiente para sabermos com quem nos envolvemos e criamos vinculos afetivos e de amizade.
ResponderExcluirPra quem não compreende a realidade dessa forma, acaba sendo um caminho sem volta, o de constituir familia, estabelecer papéis específicos para ambos os sexos. Quando saímos disso, lemos, nos informamos e compreendemos que podemos ser mais nós mesmos e menos os clichês que nos impõem, e as coisas ficam mais fáceis.
Poderia expor aqui minhas dificuldades de um relacionamento mal acabado com uma menina bastante esclarecida e feminista, mas que no fundo criava todas as espectativas da sociedade patriarcal e colocava nos meus ombros a obrigação de ser o homem forte e estável 24h.
Nem 8, nem 80. somos seres humanos acima de tudo.
beijos e cuidado, meninos e meninas!
É isso aí!
ExcluirConcordo. Existe de tudo. Esse texto é só uma ironia. Lê o post anterior. Eu critico exatamente o machismo das mulheres. ;) Beijos
ExcluirÉ o que mais tem Mariana Bahia!
ExcluirÉ estarrecedor...receio dizer que já convivi com várias.. saem ctgo.. contam suas aventuras (não poucas, muitas! ) e coisa e tal...Agora quando tu vai compartilhar algo não tão extraordinário assim... é o fim do mundo.. te chama logo de escrota "vadia". É aquela máxima.. "Eu posso ser liberta, mas outra mulher não". Nojo! Parabéns pelo Blog!
Texto perfeito, resume as mulheres recifenses e sua "queda" por imbecis...
ResponderExcluir;)
ExcluirOi Mariana!
ResponderExcluirSou amiga de uma amiga sua e ela sempre me falava de você, que você é gente ótima e seu cachorro uma coisa de fofura... Gostava de você de graça, agora, depois desse blog, gosto mais ainda :)
Você é um dedo na ferida, mas daqueles que a gente bota de propósito, porque o ardor é bom.
Solta o verbo, menina! Estais falando pro coração (e pro recalque) de muita gente.
Sucesso!
Bjs
Paula Neves Cisneiros
Brigada, querida! Prazer em lhe conhecer, mesmo que virtualmente! ;) Bjs
ExcluirÉ. realmente "ela fala demais"...Eu odeio alimentar minha gastrite lendo isso... Se uma mulher espera de mim algum "ista" (Machista, feminista, ativista) é uma pessoa enferma da alma. Esse vício em "ista" é uma idealização da pessoa amada. Essa doença de não querer ser rotulada(o), mas rotular os outros a seu próprio modo, com suas próprias ideologias mequetrefes de igualdade onde uns "são mais iguais que outros", onde os defeitos dos homens não têm correspondentes nas mulheres (Isso é a essência da Cultura Matriarcal Possessiva). E eu realmente entendo muito bem de feminismo e machismo. ...Bem o suficiente pra passar bemmm longe. E peido, é fedorento do primeiro encontro ao divórcio. Fiquem em paz e parem de rotular. Ponto final.
ResponderExcluirDá próxima vez não leia, querido! É melhor cuidar da gastrite. ;) Abraço
ExcluirÉ por essas e outras que eu não crio um blog... não sei ser irônica e elegante ao mesmo tempo :/ Parabéns, Mariana. Sou uma feminista em construção e adorei seu texto! :)
ExcluirNão sei foi melhor ler os textos ou as respostas pra alguns comentários aqui. ahuahuahuahuah
ResponderExcluirParabéns Mariana! Curti muito seus textos.
kkkkkkkkkkkk! Valeu, querida! Bjs
ExcluirTem gente que, infelizmente, vive de imagem. Vive pra quem "dá mais". No começo, diante das sociedade e das pessoas que convive acha bonito agir de uma forma....ou MOSTRAR, apenas, que age daquela forma, mas não se prepara, internamente, para observar que, de fato, agir com igualdade é a melhor saída. As pessoas têm que parar um tempinho para fazer os "por quês" da vida e não, simplesmente, imitar e fazer algo porque achou legal. De fato não tem sentido em haver uma exclusividade de tarefas para uma pessoa só dentro de casa. Na maioria das vezes, no caso, para as mulheres quando, as mesmas, a cada dia que passa, decidem mais e mais trabalhar fora de casa, ter seu emprego e seu salário. Porém, muitas ainda não absorveram que estão criando um papel profissional e social na sociedade. Agora não são mais AS donas de casa. Agora, são advogadas, médicas, administradoras e várias outras funções. Agora, elas trabalham para si e para o mundo. Não só pra casa. Quando pra casa, já que está para o mundo também, porque os maridos não acompanham as mesmas atitudes? No caso, trabalhar para a casa e para o mundo ao mesmo tempo. Quanto ao comentário acima sobre ROTULAR as pessoas como "ISTAS" é um argumento sem fundamento algum. Haveria sentido se nunca tivesse sido criado o MACHISTA. Aí, "agora" porque as mulheres querem intensificar o feminismo no mundo aí vem um monte de gente dizer que é errado. Errado é quem criou o machismo. Se o feminismo não fosse criado pra impulsionar uma igualdade à sociedade tava todo mundo vivendo (ainda mais do que já está) um inferno e as mulheres na labuta diária e caseira dentro de casa. Defendo uma tese de que deve haver o "humanista", que é pra juntar todo mundo em um só e igualar a todos, pois somos, no fim das contas, nada mais do que seres humanos que nascemos, morremos, comemos e temos as mesmas necessidades para sobreviver, mas não podemos dizer que o feminismo não é importante para a sociedade. Para eu defender o "humanismo" neste sentido (pois existe outro) eu, em primeiro lugar, aprendi que o feminismo tem toda razão do MUNDO de existir!!!!!
ResponderExcluirJô, concordo demais. Mas o que tá faltando aí em cima é estudo mesmo. Machismo, feminismo e femismo são coisas diferentes. Basta dar um google. ;) De resto, não vou discutir com quem tenta me ofender com questões pessoais. O tema aqui é machismo, não se tenho dois cachorros e os considero filhos. Preguiça pra esse tipo de colocação. Beijo, flor
ExcluirSabemos que homens e mulheres usam máscaras faz tempo, infelizmente. Realmente existem esses homens, e mulheres que os escolhem por serem péssimas avaliadoras e ótimas sonhadoras. É fato que de certa forma elas "pedem" por isso.
ResponderExcluirDesculpa, Pedro. Sem ironias, não entendi o "pedem" por isso. E os homens? Pedem o que? Beijos
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCurti o texto. Mas eu acho que esse fatalismo todo, apesar de ter base na realidade, não é o fim de todo relacionamento. Me acho menos machista que a maioria e tento bastante nao ser, mas as vezes eu dou umas escorregadas...
ResponderExcluirTem muito homem falso por ai sim mas há outros que realmente tentam melhorar! Conversa franca e comunicação efetiva podem ajudar.
Também é legal dar esperança as mulheres! Nem todo homem é caso perdido mas todo homem "desliza" em pensamentos machistas de vez em quando afinal a educação "geral" é fortemente machista.
Legal o texto. Temos que sempre repensar nossos papéis como homens e mulheres pra construir uma sociedade mais justa e relações mais salutares. Difícil debater desigualdades no Brasil e principalmente na capitania do Recife (a de gênero também), mas necessário. Parabéns pelas palavras e força na luta.
ResponderExcluir*Achei relevante alguns comentários sobre os rótulos. Leio muito o "esquerdo-macho" e acho-os problemáticos porque soam geralmente como argumentum ad hominem, ou um "tipo ideal" mais voltado pro argumento do espantalho. Também fiquei curioso quanto ao misterioso momento de mudança, a que tu atribui essa mudança?
Abs.
Legal o texto. Temos que sempre repensar nossos papéis como homens e mulheres pra construir uma sociedade mais justa e relações mais salutares. Difícil debater desigualdades no Brasil e principalmente na capitania do Recife (a de gênero também), mas necessário. Parabéns pelas palavras e força na luta.
ResponderExcluir*Achei relevante alguns comentários sobre os rótulos. Leio muito o "esquerdo-macho" e acho-os problemáticos porque soam geralmente como argumentum ad hominem, ou um "tipo ideal" mais voltado pro argumento do espantalho. Também fiquei curioso quanto ao misterioso momento de mudança, a que tu atribui essa mudança?
Abs.